segunda-feira, 16 de setembro de 2013

TEATRO

Teatro ajuda na superação de obstáculos no cárcere

Presos atores emocionam alunos da Faculdade de Direito da USP com a peça “Que destino eu tenho?”

              É surpreendente e emocionante! Apesar dos termômetros marcarem 10 graus, chuva, manifestantes no centro da cidade, alunos em greve e ainda assim nada, absolutamente nada impediu que cerca de 400 pessoas entre familiares, estudantes e funcionários do sistema prisional prestigiassem a apresentação do Teatro do Oprimido, ontem, (14/8), às 19h, no salão nobre da Faculdade de Direito da USP.

              Os nove detentos que integram o novo grupo de teatro cumprem pena na Penitenciária “Desembargador Adriano Marrey” II de Guarulhos e estavam emocionados com a presença do público. Os atores apresentaram a peça “Que destino eu tenho”? e foram muito aplaudidos. A peça foi ensaiada por quatro meses e retrata fatos verídicos, vividos pelos protagonistas, que exploram os preconceitos além da dificuldade do cárcere. Com isso, eles pretendem mostrar um conjunto de assuntos reflexivos do nosso dia a dia, com temáticas referentes à violência, inclusão social, cidadania, preconceito racial e outros fatores que foram abordados na apresentação. A diferença é que após a apresentação a plateia é convidada para interagir com o grupo, podendo dar soluções aos temas mais polêmicos.

              O grupo faz parte do Projeto “Cárcere Comunidade e Teatro”, criado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e surgiu com um grupo de estudantes independentes comprometidos com a causa carcerária. Lembrando que a realização do evento foi possível pelo apoio do Professor Alvino de Sá, do Departamento Penal, Medicina Forense e Criminologia e da própria Secretaria da Administração Penitenciária – SAP.

              A peça atualmente é dirigida por Igor Rocha e Teresa Cristina Borges. Em 2011, o grupo, composto por outros presos era dirigido por Jorge Spínola e fizeram várias apresentações com o título “O Dia em que a casa caiu”. A retomada do trabalho de teatro em Guarulhos faz parte do grande objetivo de Rocha, apoiado pelo diretor do “Adriano Marrey” de Guarulhos, Antonio Samuel de Oliveira Filho, na ressocialização dos presos.

              Momento marcante aconteceu no final da apresentação, quando os integrantes do grupo de teatro de 2011 subiram ao palco para falarem do quanto o teatro colaborou na vida deles como egressos do sistema prisional, incentivando a equipe atual e falando dos progressos de cada um. Nenhum deles voltou ao crime.

Fonte: SAP