terça-feira, 9 de abril de 2013

PRESÍDIO GERA EMPREGOS

Presídio gera emprego, dizem prefeitos.

           Pequenas cidades do interior, pressionadas pela falta de empregos, estão festejando a possível instalação de presídios como se fosse shopping Center.
           Em Valparaíso, cidade com 18,8 mil habitantes, localizada a 560 quilômetros de São 
Paulo, a prefeita reeleita, Maria de Lurdes Marques de Melo (PSDB), quer o presídio porque, segundo ela, uma instituição desse tipo cria 400 empregos e estimula a economia da cidade.
           Seus cálculos indicam que a arrecadação, de R$ 10 milhões por ano, terá um acréscimo de R$ 8 milhões com o presídio.

           A arrecadação cresceria com o movimento do comércio proporcionado pelos visitantes e, principalmente, com aumento de repasses do Fundo de Participação dos Municípios, proporcional ao número de habitantes da cidade.

           A população, sem alternativa de emprego o trabalho de que dispõe é temporário, na lavoura de cana de açúcar-, aceita com esperança de uma vida melhor, apesar do perfil do que poderá vir a ser a "nova vizinhança".

           Em Avanhandava, 8.500 habitantes, distante 475 quilômetros de São Paulo, uma área já está pronta para receber um presídio. Valter Teixeira Martins, assessor direto do prefeito Antônio Calixto Portella (PDT), calcula que a instituição criará 450 empregos diretos e indiretos.

           A prefeitura anuncia a colocação de uma linha de ônibus de graça para os visitantes dos presos (a área reservada fica a 12 quilômetros do centro) e a criação de uma espécie de shopping Center na entrada do presídio, com 20 boxes de serviços.

           "Somando todo o movimento que se cria ao redor do presídio, como cartório, fórum etc., são cerca de 900 novos empregos", diz Martins.

           O argumento não convence o prefeito de Pacaembu, Salvador Campos (PMDB). Ele acha que é um crescimento ilusório e que o maior número de empregos dura o tempo da construção.

           Como prefeito que pegou o processo em andamento, porém, Campos já reservou uma 
área para atender ao plano do governo.

           Pacaembu tem 6.000 eleitores, 12,4 mil habitantes e um orçamento anual de R$ 5 milhões. Já mantém um presídio de regime fechado que abriga 700 presos. Mais 700 representariam mais de 5% da população local. "A cidade é tão pequena que os cachorros são conhecidos de todos", diz o prefeito.

           Pacaembu é carente de empregos e localizada num verdadeiro corredor de presídios, o oeste do Estado de São Paulo, região que no passado vivia do café.

           Ele calcula que, se Pacaembu efetivamente estiver na lista do secretário Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária), como acredita, a cidade ganhará 150 empregos.

           Para José de Melo Araújo (PSD), prefeito de Iaras -4.000 habitantes, situada a 282 km da capital-, um presídio já é muito. "Dois é demais e três é inaceitável", diz. Iaras já tem um presídio de segurança máxima com 450 presos.

           Os donos das pensões da cidade gostam. Aos sábados e domingos hospedam os visitantes dos presos, gente graúda no mundo dos assaltos, nenhum deles, porém, infrator dos artigos 213 e 214 do código penal, que tratam, respectivamente, de estupros e crimes de atentado ao pudor.

           Esses foram despejados na penitenciária de Itaí, cidade de 20 mil habitantes, distante cerca de 90 quilômetros de Iaras, que só recebe "213 e 214" - criminosos que correriam risco de morte se fossem colocados com condenados por outros crimes.


Fonte: (Folha de S.Paulo) Coluna Gilberto Dimenstein